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Mostrando postagens de 2015

Correndo para a Vida

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    “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas”.  (Mateus 19:14)   Será que sabemos o que isso significa? Será que conseguiríamos ser como crianças novamente?      Em setembro do ano 2000, eu e minha família tínhamos acabado de construir uma casa num Condomínio muito simpático. Ficava num vale muito bonito, um verdadeiro achado! Muita mata, muitos pássaros, muitas goiabeiras, muito doce de goiaba vermelha e, principalmente, p oucos vizinhos.  Era quase um sítio perfeito não fossem as demarcações dos lotes que sabíamos  existirem pela convenção.      Nossos filhos eram pequenos. Dani, o mais novo tinha 4 anos e Juju tinha 8. Passados alguns meses vivendo por lá, eles fizeram amizade com as  crianças de nossa espaça vizinhança, em sua maioria meninas.    Numa bela noite, presenciei a cena que jamais deixa...

Imagens

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      A vida é como um vento ligeiro que varre bem rápido o rastro de nossos passos.  Por sermos assim como poeira ao vento é que nos rendemos a eternidade. O mundo, seus objetos, seus valores, suas riquezas e seus bens nada significam, pois tudo mais é destituído de seus pretensos possuidores. O vento do tempo sopra suave e incessante, levando nossas lembranças e sonhos. Restam as sombras que perambulam errantes pelos vestígios de nós mesmos.             Numa casa vazia, o silêncio é testemunha perene da existência. Não há como encontrar palavras que definam imagens tão tênues e intangíveis. Não há linguagem humana, que se expresse por fonemas e por verbos, que transfira à qualquer um esses sentimentos.        Um manto de nuvens frias cobre o céu lentamente. Uma grande colcha cinzenta nos aconchega junto as montanhas. O céu está ao alcance dos ded...

Partilha

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Quero dividir com você, minha solidão. Em algum lugar onde esteja o teu coração. Ao som do vento que canta nas casuarinas. Ao sol morno do inverno. No silêncio tranqüilo dos lugares ermos. Quero dividir com você o meu poente. Desenhando bichos nas nuvens. Ouvindo a música dum radio distante. Adormecendo na rede sob o murmúrio da mata. Na penumbra das estrelas. Quero dividir com você o mais humano de mim. O que briga e o que afaga O que ri e o que se desespera O que inspira e o que morre. Quero dividir com você. O meu amor. A minha dor. A minha alegria. A minha tristeza. Quero dividir com você a eternidade. Que nos embala Que nos oprime. Mas que nos acolhe. Sem início nem fim. Sem bem nem mau. Assim, desnudos. Assim, infinitos...  Porque em algum lugar do tempo Eu sinto seus dedos nos meus. Meu abraço no seu. Uma brisa a seguir seu vulto. Porque não somos sós. Somos ma...

Tempestade

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      Acho que a mais interessante coleção de memórias que ainda mantemos em nossos cérebros abarrotados de informações, vêm da infância. Ontem mesmo, dia 15/02/2015, uma tempestade daquelas que não víamos há muito tempo aqui no Rio de Janeiro, se formou. Uma bela, luminosa e rebimboante reação da natureza a tanto aquecimento! Sempre fui fascinado por essas manifestações de fúria dos elementos. Certamente é algo ancestral que nos prostra perplexos, assustados e maravilhados diante de tal grandiosidade.  A tempestade me fascina desde do seu ponto crucial até a sua dispersão, quando entre reluzentes e estroboscópicos relâmpagos ainda escutamos os sons dos trovões distantes. Minha imaginação viaja para essas distâncias e uma sensação de onipresença me inunda, como se pudesse me transportar à todos esses lugares!      Lembro da primeira vez que experimentei essa sensação na minha infância, pelo menos quando tomei consciência do que era uma tempestade. M...

O Resgate de 1966

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    A quele ano foi trágico para o Rio de Janeiro. Uma chuva intensa castigou toda a cidade por cinco dias ininterruptos. Dois edifícios e uma casa ficaram soterrados na Zona Sul. Canais e rios transbordaram inundando tudo a volta. A enxurrada deixou um saldo de 200 mortes e 50.000 desabrigados.    Foram 245 mm de chuva. Mais do que poderia chover em 3 meses. Naquele ano, eu tinha 7 anos e cursava o primeiro ano primário na Escola  Municipal Afonso Pena na Rua Barão de Mesquita na Tijuca, hoje tombada pelo patrimônio histórico. Escola Municipal Afonso Pena  Para uma criança, aquele foi um dia assustador. Nunca tinha visto cair tanta água do céu! A Rua Barão de Mesquita se transformou num rio caudaloso que ia desaguando no rio Maracanã, próximo dali. A aula acabou , o sinal de saída soou, mas estávamos ilhados! Aos poucos a maioria das crianças foi sendo resgatada por seus pais até sobrar apenas eu. Fiquei sozinho a porta da escola, abrigado ...