A Morte


      Esse certamente é um assunto desagradável e que todos procuram evitar, mas que por isso mesmo merece nossa total atenção, uma vez que todos buscamos um melhor entendimento. As principais questões em relação a morte e já exaustivamente abordadas e discutidas são: afinal, a vida continua após a morte? E se continua que vida será? Essas questões são oriundas do abismo que se abre a nossa frente quando um ente querido e amado se vai desse mundo para sempre. Se no plano de Deus somos almas imortais, faltou então estabelecer uma ponte permanente de comunicação entre encarnados e não encarnados. Daí então esse processo da morte não fosse tão traumático e doloroso para nós encarnados. Se pudéssemos manter um intercâmbio permanente com amigos e parentes no Além. Conversar com eles, contar as novidades sobre o mundo e saber dos caminhos que se trilham por lá. Mas por alguma boa razão Deus estabeleceu as coisas assim, com uma grande barreira e um grande mistério até mesmo para desafiar e por a prova a nossa fé, que na maioria das vezes se rende ao abismo.
     A pergunta é: como um ser humano, capaz de fantásticas realizações artísticas, intelectuais e científicas, de sentimentos e emoções profundas pode simplesmente morrer?
     Segundo Deus, tudo será entendido no além. Mas o que nos dá a absoluta certeza do além? Um território absolutamente intangível! Os contatos com desencarnados feitos por intermédio de médiuns? Pouco provável, pois há mais margem para erros do que para acertos e sobre isso falaremos mais adiante.
     Se fôssemos utilizar um método científico para obtermos alguma resposta, teríamos que passar pelas seguintes etapas:
1 – Alguém teria que passar para o outro lado, o Além, munido de informações sigilosas. (Situação de morte controlada??).
2 – Essas informações só seriam do conhecimento de uma pessoa do lado de cá (o mundo dos vivos).
3 – Um médium seria acionado em outra parte do mundo para receber contato desse Alguém que estaria no outro lado.
4 – Se a informação sigilosa for revelada pelo médium então teremos fechado o circuito com o Além e a sobrevivência da alma estará provada, pelo menos por forte evidência.
     Vamos enxergar do “outro lado da parede” e enfim sabermos que vivemos uma experiência contínua, interligada e interdependente.
     Mas infelizmente até escrever estas linhas não tive notícia de nenhuma experiência bem sucedida nesse sentido, ou de alguém suficientemente insano para intentá-la.
     Estamos novamente diante do abismo e o que vemos são pessoas indo embora e deixando a certeza de que jamais veremos semblante, voz, trejeitos, sorrisos, pensamentos, sentimentos, poesias e lágrimas iguais. Se vai um ser único...para sempre...
       Quando alguém se vai leva um pedaço de nós, impossível de ser recomposto. Leva um pedaço de nossas memórias, de nossas vidas e passamos a vagar nesse vazio, nesse vácuo até nos despedirmos também dessa existência.
       Vamos considerar que só por um momento, eu não acreditasse em Deus, nos seus Céus, nos anjos, no Além. Certamente me veria obrigado a aceitar a morte como o simples fim do ciclo biológico ditado pela Natureza, o que na verdade o é.  Isso em nada suprimiria meu sofrimento diante da morte, ainda que a minha mente racional me lembrasse a todo tempo sobre o inexorável ciclo da vida. Não obstante, algumas outras questões também atormentam a minha fé, obrigando-me a um constante conflito com a minha racionalidade. Se o espírito é uma partícula de Deus em nós e soberano sobre a carne, como doenças como o Alzheimer e outras que acometem nosso cérebro, podem nos roubar a nossa identidade e até mesmo a nossa consciência, nos tornando verdadeiros vegetais ambulantes? Mas não há questão cuja a resposta tarde muito. Não quando não deixamos de buscar. Na página 410, capítulo 228 do 4º Volume do Grande Evangelho de João (3), Jesus discorre longamente sobre a formação, estrutura e a função do cérebro em relação a Alma. E fica claro que o nosso cérebro é uma poderosa interface entre a Alma e o mundo físico. E que quando o cérebro se encontra doente, a alma fica como que desconectada, impedida de interagir corretamente ou até mesmo ausente. Seria como se dirigíssemos um carro e, subitamente nos arrancassem o volante, o velocímetro, o indicador de combustível e as rodas. Creio que a evolução da Neuro ciência irá trazer à luz todos os meandros e potencialidades do cérebro humano. O trabalho do neuro cientista brasileiro Miguel Nicolelis, ruma nessa direção. Recomendo que acompanhem seu trabalho (4).      
     Como qualquer bom pesquisador, fui buscar indícios ou evidências de que a questão da morte não se limita apenas ao fim do ciclo da carne. Encontrei trabalhos de pesquisa desenvolvidos por médicos sérios como o Dr. Raymond Moody ("Life after Life" -  1975) e o Dr. Melvin Morse ("Closer to the Light" - 1991) que se propuseram a um aprofundamento sobre a questão da morte, não só a partir de relatos de pacientes que estiveram momentaneamente mortos (EQM), mas de pessoas que se recordavam nitidamente de fatos e lugares oriundos teoricamente de outras vidas. Mais recentemente, em 2021, foi lançado um documentário pela operadora de streaming Netflix chamado Vida após a Morte (Surviving Death - by Leslie Kean), que surpreendentemente nos mostra como grupos de estudos sérios foram criados em Universidades americanas, reunindo as disciplinas da Psiquiatria, Psicologia e Neurologia para estudar não só as experiências de quase morte, como relatos contundentes de recordações de possíveis outras vidas.
     De todas as evidências coletadas por esses profissionais, concluiu-se que alguma coisa realmente extraordinária acontece quando a vida física cessa de existir. Que a consciência de alguma forma sobrevive a morte do corpo. Ou seja, a vida da alma é um fato, ainda que careça de comprovações científicas mais substanciosas do que apenas evidências estatísticas. E, a bem da verdade, esse limiar entre o físico e o não físico, entre o tangível e o intangível será ainda por muito tempo uma pedra no sapato da humanidade. Mas vejo o dia no qual essa barreira será derrubada para sempre, o dia em que a ciência definitiva e indubitavelmente encontrará Deus. Em que o espírito e o físico interagirão com clareza revelada no mesmo cenário (1). Certamente seremos uma nova humanidade, debaixo de um novo Céu e sobre uma nova Terra. Até mesmo os nossos corpos terão uma outra constituição e uma especial longevidade.
      Até aqui vimos que a alma segue seu caminho quando o corpo fenece. Entretanto temos pouquíssima informação sobre o que se passa do “outro lado da parede” que nos separa do Mundo Espiritual. Esse é um território onde tudo o que se escreve a respeito é baseado em relatos feitos por espíritos que se manifestam através de médiuns. A credibilidade nesses casos fica por conta do sentimento, do entendimento e da crença de cada um. Todavia, quero humildemente apresentar aqui, de forma sintética, o que está revelado pelo Senhor no Grande Evangelho de João (2), concernente a vida da alma e seu caminho post-mortem. Na verdade, a grande luz que se faz sobre esse assunto é ao mesmo tempo libertadora e preocupante, pois devemos estar preparados de certa forma para a Vida no Além. Acontece que quando passamos para o “outro lado da parede”, todos os nossos referenciais de realidade desaparecem. Não há mais um estado físico onde se escorar, ou seja, passamos a habitar numa esfera psíquica criada a partir de tudo que carregamos na nossa Alma tal como um sonho nítido. A noção de tempo se perde completamente, daí o conceito de eternidade se estabelece como referencial de tempo. O aspecto e a interação com os elementos dessa esfera psíquica se modificam constantemente na medida em que nossa alma adquire consciência do seu estado. Eventualmente, podemos compartilhar essa esfera psíquica com outras almas. É importante que se diga que nenhuma alma chega do outro lado sem ser recebida e protegida de contatos não autorizados ou desejados. Deus tem tudo em boa ordem, pois cada Alma é preciosa para Ele. Porque Ele anseia que todas as almas possam compartilhar de sua Esfera Infinita, o Reino de Deus!
   No velho testamento o contato com desencarnados através de médiuns é peremptoriamente condenado. Muito se fala sobre isso, mas pouco se explica. A maior razão para tal proibição se deve primeiro ao fato de que uma alma desencarnada pode falar somente sobre sua realidade, ou seja, na qual está imersa e, portanto, não correspondendo a verdade do Além. Segundo porque uma alma desencarnada pode assumir a identidade que quiser, uma vez que seus interlocutores não possuem clarividência ou visão espiritual para constatar a verdade. Enfim, Deus não quer que seus Filhos sejam enredados pelo engano, daí a proibição. Na época do velho testamento o povo era extremamente ignorante e bárbaro e só leis severas poderiam mantê-lo longe de encrencas, doenças, vícios e maus hábitos. Tudo isso não quer dizer exatamente que não possa haver contato entre os dois “lados da parede”, mas que isso está reservado para um momento de maior amadurecimento espiritual da humanidade, onde esse contato se dê num nível realmente elevado e onde os encarnados sejam verdadeiramente beneficiados em tais contatos.

(1) Sugiro que assistam ao filme Final Fantasy – The Spirits Within de 2001, é muito interessante a concepção do autor não só em relação a abordagem da questão espiritual como também da questão da Terra como Ser Vivo.
 
(2) Grande Evangelho de João -  Livro 7, capítulo 57, pag.115 e capítulo 66 Natureza de Alma e Espírito em  https://www.neoteosofia.org.br/index.php/obras-da-nova-revelacao
 
(3) Grande Evangelho de João - Livro 5, capítulo 228, pag. 410 em diante em https://www.neoteosofia.org.br/index.php/obras-da-nova-revelacao 


 


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