A Música e o Verdadeiro Louvor



   Por muito tempo ouvi as pessoas fazendo referência a música, dividindo-a em música evangélica e música secular. Na verdade, a música por si só é secular, pois vem sendo feita ao longo dos séculos há milênios e sempre houve uma separação nítida da música feita para o culto religioso e da feita para momentos festivos, danças e até para motivar os exércitos às batalhas. Em nosso vernáculo, entretanto e em última instância, define-se secular como “profano, temporal e leigo”. O que isso quer dizer? Profano significa aquilo que é estranho à religião, ou contrário ao respeito devido às coisas Sagradas. Eu diria que hoje não há diferença entre as músicas ditas evangélicas e seculares. Começando na antiguidade, nos primórdios da civilização, passando pela idade média, renascença e até o início do século 20, a diferença entre música secular (ou profana) e a música sacra ou voltada ao culto Religioso era bem definida.
  Por volta do século XVII, surgiu no sul dos Estados Unidos o que ficou conhecido  como Spiritual ou Negro Spiritual, que eram canções de trabalho e mais tarde também manifestações legítimas de louvor a Deus por parte dos povos negros escravizados, quando convertidos a fé cristã. Essa foi a raiz do Blues, do Gospel, do Rhythm and Blues, do Rock and Roll e do Jazz. Todos esses ramos que brotaram do Spiritual proliferaram pelo mundo e transformaram a musica de infinitas formas, produzindo diversos estilos musicais. Mas isso é o que podemos falar sobre as influencias musicais oriundas dos Estados Unidos. Há evidentemente todo um universo de ritmos, harmonias e melodias pelo mundo que compõem ao longo dos séculos, a identidade étnica de cada povo. E é exatamente dentro dessa identidade que cada povo busca sua inspiração para compor musicas de louvor a Deus.  Isso nos mostra que hoje, a música dita evangélica, não tem nada de sacra, pois está estruturada praticamente dentro de estilos musicais ditos seculares ou profanos, sendo apenas as letras o único ponto de diferenciamento. Ainda que possamos nos aproximar do sacro, buscando o formato Gospel, que é o herdeiro direto do Spiritual para expressar nosso louvor, ainda assim não podemos dizer que se trata de musica sacra na acepção da palavra. Mas isso é realmente importante?
     Há diferentes manifestações musicais da atualidade, que muitas vezes representam verdadeiros tributos de louvor a Deus, dada a profundidade das inspirações que as geraram. São músicas que não falam explicitamente de Deus, entretanto são extremamente edificantes para quem as ouve, incitando bons sentimentos no coração. Podemos citar como exemplo algumas músicas de Beto Guedes, Lo Borges e Milton Nascimento, dentre outros compositores brasileiros envolvidos direta ou indiretamente no movimento musical que ficou popularmente conhecido como “Clube da Esquina” em Minas Gerais.  Isso significa dizer que a legítima música de louvor deve, além de tudo, entrar em contato com as nossas almas e desprendê-las do chão, ou seja, quebrantar nossos corações de forma que Deus possa ver uma “porta se abrir em nós”. O verdadeiro Louvor, não basta simplesmente ser construído a partir de um belo Poema recheado de citações bíblicas e exaltações efusivas dos atributos de Deus. É preciso que a melodia, a harmonia e o ritmo também sejam inspirados por Ele, para que todo o conjunto soe harmonioso. Se não for assim, a Música de Louvor não cumprirá o seu papel na comunidade. Que fique aqui um conselho aos músicos que querem se dedicar a música como forma de expressão Universal e instrumento capaz de unir corações e povos ao Deus Único, criador de Céus e Terra. 
     Por outro lado é fundamental alertar a comunidade e a cada um sobre a influência nefasta que determinados tipos de música exercem sobre a alma humana. Não pretendo fazer aqui um tratado sobre musicoterapia, mas uma breve análise sobre esse tema, com total isenção de preconceitos oriundos de uma religiosidade equivocada. Na Grécia antiga era bem conhecida a influência que determinadas combinações de escalas e ritmos exerciam sobre o comportamento e o emocional das pessoas. Determinadas músicas e ritmos eram executados em cerimônias que precediam as guerras, de forma a elevar o moral dos soldados, motivando-os à batalha. Seguindo essa premissa podemos fazer uma avaliação, ainda que superficial de alguns gêneros musicais e os efeitos que carregam em si. É notório que determinados estilos tais como o rock e o funk levam à excitação e à euforia. Mas os formatos conhecidos como Heavy Metal e Trash Metal, atingem níveis mais profundos da psiqué, não só provocando excitação, como também causando certa desordem mental e, em alguns casos, até mesmo a exacerbação da agressividade. Se aliado a esses estilos tivermos um conteúdo maldoso, então temos aí uma combinação nefasta para a alma e que, se possível, deve ser evitada e até mesmo retirada do cardápio musical. Pois se o indivíduo já tiver inclinações agressivas ou for mentalmente perturbado, o resultado poderá ser catastrófico e, sob o ponto de vista espiritual, significa estar de portas abertas para influencias nefastas.
   Já no caso do funk, a influência caminha em direção a energia sexual, pois assim como o samba, a essência rítmica do funk está fundamentada nos ritos de acasalamento das sociedades tribais africanas, onde as mulheres exibiam os seus atributos aos guerreiros, pretensos maridos, em danças intensas e altamente sensuais. Até aí tudo bem, considerando o contexto cultural daquelas sociedades. O grande problema é quando esse gênero musical vem carregando mensagens que conduzem à volúpia desenfreada e por fim a promiscuidade. O que acontece na grande maioria dos casos. Portanto há que se ter cuidado, pois aqui também temos uma porta escancarada para que fluam as más tendências em nós.
   O mais importante de tudo do que eu disse até agora, é que a comunidade deve lidar com essa questão de forma equilibrada e ponderada, pois como já afirmei até aqui, a liberdade de quem quer que seja não deve ser cerceada. O que vale mais não é ouvir ou evitar esse ou aquele estilo musical, mas a atitude mental e a intenção de quem faz e de quem ouve a música. Todos os estilos musicais são autênticos e lícitos para cada cultura, e expressar o verdadeiro louvor através deles deve passar necessariamente pela inspiração na Beleza Divina. 
   Seja louvor ou não, vamos ouvir música! Sabendo separar o que edifica do que não edifica. A boa música, da musica ruim. Enfim, é a mais bela arte e, por si só, sagrada!

Por Mauricio Azevedo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pra que serve um Sonhador

Crônica crônica

O que temos a dizer ao Mundo?