O Paradoxo da Tecnologia

  


  Desde quando eu comecei a frequentar os primeiros seminários abordando as novas tecnologias para o implemento da TV Digital no Brasil, fiquei realmente maravilhado com a quantidade de possibilidades de uso e com a qualidade que iria ser entregue ao telespectador. Imagem em alta definição, serviços de interatividade, mobilidade, audio stereo e 5.1 e etc. Mas no meu intimo sempre me perguntei, à quem se destina tal tecnologia? Quantos poderiam usufruir dela de forma plena? Se não for pelo benefício da maioria, de que adianta tal esforço científico? E a resposta, muito simples, me veio obvia. Num mundo regido pelo capital ou onde o capital exerce o seu domínio sobre todas as relações, há uma ordem de acesso às novas tecnologias que é regulada pela "piramide social". E assim o é para todas as novas tecnologias desenvolvidas. Para aqueles que estão na base da "pirâmide", os avanços tecnológicos chegam após um longo tempo de espera e mesmo assim não em suas totais plenitudes e benefícios. Essa é a lógica do capital e é assim que a engrenagem social funciona.  Aliás, essa lógica se aplica em nosso mundo, não só no tocante a tecnologia, mas também nos recursos para a manutenção da saúde, na educação, na alimentação, na vestimenta, na moradia e no transporte.

    Seguindo essa premissa, muitos dramas de ficção e futurologia foram criados para o cinema e a TV. Mas os que considero mais emblemáticos do que estou abordando aqui são o longa metragem Elysium e a série Westworld.


  No primeiro, ambientado no ano de 2154, os mais ricos vivem em uma estação espacial gigantesca, enquanto o resto da população mora em uma Terra arruinada. Um homem assume a missão de tentar trazer igualdade aos mundos polarizados.

  O que se destaca de muito importante nesse filme, é que nessa monumental estação espacial, existia uma máquina cuja a tecnologia literalmente podia curar todas as doenças, e a qual somente os ricos tinham acesso.

  Já a série Westworld nos leva a um patamar mais profundo. "Westworld é um parque temático futurístico para adultos, dedicado à diversão dos ricos. Um espaço que reproduz o Velho Oeste, povoado por androides – os anfitriões –, programados pelo diretor executivo do parque, o Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins), para acreditarem que são humanos e vivem no mundo real. Lá, os clientes – ou novatos – podem fazer o que quiserem, sem obedecer a regras ou leis.  Entre os residentes do parque, está Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood), programada para ser a típica garota da fazenda, que está prestes a descobrir que toda a sua existência não passa de uma bem arquitetada mentira."

  Nesse contexto, a série nos coloca em confronto com os principais dramas da criação. A eterna busca de um diálogo com o “criador”: O que somos nós? Por que estamos aqui? Porque somos assim? E porque tudo é como é?  Ela nos alerta de forma contundente sobre o quanto a evolução tecnológica tem que caminhar junto com os melhores valores morais, espirituais e conduzida com extrema responsabilidade para com o bem da humanidade. Ela nos mostra o domínio de nossas vidas por meios tecnológicos, incluindo-se aí não só as privacidades, como também o caráter, a personalidade e até o destino, levados às últimas consequências. A grande ironia que a série nos propõe, é colocar a "criatura" como um agente revolucionário, tentando mostrar ao "criador" como ser melhor, como ser ético, como prezar pela liberdade e ser responsável. 

  Não vislumbro um futuro para a humanidade diferente do que esses escritores e roteiristas preconizaram em suas criações, se efetiva e concomitantemente ao avanço científico e tecnológico, não reconsiderarmos os reais valores que devem reger as relações no mundo. Em outras palavras, a evolução científica e tecnológica tem que beneficiar a todos indistintamente, igualitariamente, sem pirâmides e de forma responsável com o ser humano e com o Planeta. Isso equivaleria dizer que precisaríamos viver num contexto socialista? Não se as liberdades individuais não forem respeitadas. Não, se se quiser impor ou instituir a benignidade, a solidariedade e a igualdade pela força do Estado. Esse é um processo que se dará de dentro para fora em cada ser humano. Isso tem que ser buscado e perseguido como a solução para todos os conflitos e sofrimentos vividos na face da Terra. Faz parte da evolução moral e espiritual da humanidade.  

 

 Neste ponto preciso abordar um assunto ainda mais polêmico, relacionado a duas experiências de abdução por "civilizações extraterrestres", as quais de forma idêntica geraram livros. A primeira se deu em 1954 com o então metalúrgico Antonio Rossi na cidade de Paraibuna em São Paulo, e a segunda em 14 de maio de 1958 com o então tratorista da Prefeitura do Município de Sarandi - RS, Artur Berlet. (No final deste Post há um link para baixar cada um dos dois livros).

  Mas o que há de extremamente importante nesses dois casos de abdução e que corroboram os argumentos deste post? 

  Nas duas experiências relatadas pelos seus protagonistas, Antonio Rossi e Artur Berlet, guardando as particularidades e circunstancias específicas de cada uma, nos deparamos com duas civilizações extremamente avançadas e organizadas, com valores éticos e de igualdade bem definidos, com um credo monoteísta, tendo as duas abolido o dinheiro como forma de regulação das relações sociais, bem como extinguido fronteiras entre nações. Em ambas as civilizações, todos os benefícios no campo da ciência, tecnologia, alimentação, transporte, habitação,  vestimenta, saúde e educação, são posse e usufruto de toda a comunidade sem exceções. A abdução de Antonio Rossi durou 24 horas aproximadamente (pelo menos pela contagem de tempo terrestre), e a de Artur Berlet, 11 dias. Ambos foram encorajados por seus abdutores a registrarem e divulgarem a experiência que tiveram. 

  A despeito de toda a polêmica e descrédito em torno desses dois casos ufológicos, ambos os protagonistas terminaram seus dias na Terra reiterando sem contradições as experiências que tiveram e as suas veracidades. Há inúmeros detalhes técnicos e científicos narrados por ambos que merecem uma detida análise comparativa, o que poderá ser tema de um post futuro. 

  Cabe a cada um de per si, ler os seus relatos e estabelecer o seu juízo, pois não há como fazer prova de tais experiências. Mas há que se refletir muito sobre as suas narrativas, considerando também que seus olhares eram de homens que viviam na década de 1950(*)

 Alguns poderiam sugerir que esses relatos fantásticos não passam de manifestos socialistas velados. Ainda assim, me questiono porque duas pessoas de origem humilde, simples operários, lançariam mão de narrativas tão imaginativas e sofisticadas para falar de socialismo de forma velada? Quero crer que um dia uma grande luz venha a esclarecer esses casos e tantos outros conhecidos na casuística ufológica.

  Enfim, o que se pode concluir, ainda que com essa pequena amostragem e fazendo um exercício de futurologia, é que nenhuma civilização que tenha atingido a capacidade tecnológica de superar as distancias interplanetárias, o conseguiu sem antes sanar todos os conflitos e sofrimentos causados pelas desigualdades, pelo desprezo, pelo egoísmo e pela tendência ao domínio. Em contra partida, não descarto a possibilidade do contrário, ou seja, de que uma civilização com inclinações bélicas possa atingir eficiência tecnológica em benefício de uma minoria, e a custa do sofrimento e sacrifício de uma maioria de cidadãos. Mas certamente, isso configuraria um cenário predatório e tendente a auto destruição. Esse é o paradoxo tecnológico que vivemos. De uma parte o avanço vertiginoso dos ativos tecnológicos, e de outro, o atraso e até mesmo o retrocesso nas relações humanas.

Tenho plena convicção de que as distâncias astronômicas que nos separam de outras civilizações são devidas e sabiamente propositais! Imaginem a raça humana terráquea invadindo facilmente o quintal dos outros?! Um caos cósmico!!

 Tanta harmonia num equilíbrio tão delicado nos faz crer estarmos todos sob a regência da sabedoria de um Criador ou Deus, ou como cada um entenda a concepção do Universo visível. As distancias cósmicas entre os mundos, teoricamente intransponíveis , garantem um mínimo de segurança planetária. E é esta mesma segurança planetária que salvaguarda a tranquilidade do processo evolutivo de cada civilização no Cosmos.


  Certamente as repostas para as nossas questões mais cruciais virão na medida em que avançarmos moral, ética e espiritualmente como civilização, eliminando desigualdades, conflitos, fome e sofrimento. 

 Por fim, Gene Roddenberry(**), criador da série Star Trek, imaginou o futuro da Terra num contexto onde não haveria mais nações, dinheiro, desigualdades e discriminação racial e étnica. Me pergunto como Roddenberry teve tal inspiração? 

  É certo que, serão necessários ainda alguns séculos para que a humanidade terrestre amadureça espiritualmente, a ponto de superar todos os obstáculos e mazelas que a separam de uma existência verdadeiramente bem aventurada.  E rejeitem definitivamente a extinção como um caminho inevitável. Felizes aqueles que estiverem por aqui e puderem desfrutar disso. "Um novo céu e uma nova Terra".

(*) A visão de tecnologias, hábitos e costumes que desconhecemos e não compreendemos, se molda ao mundo e a época aos quais pertencemos. Que é onde buscamos referencias que nos amparam em nosso entendimento, ainda que precário. Muitas vezes a narrativa de Artur Berlet nos remete a um filme de ficção científica dos anos 1950, com uma roupagem retrô. Mas é preciso estar atento a muitos elementos extremamente relevantes do seu relato para moldarmos nossa própria visão a partir do século 21. Por exemplo, ha uma minuciosa descrição de um veiculo aéreo utilizado pelos Acarteanos para locomoção pelo planeta, que guarda muitas semelhanças com o já muito alardeado “Tic Tac”, UFO avistado por experimentados pilotos da marinha dos EUA em 2004, envolvendo o Porta Aviões nuclear USS Nimitz. Segundo o relato de Berlet, esses veículos Acarteanos desenvolviam uma velocidade de cruzeiro de 10.000 km/h. Temos aqui uma conexão a ser considerada, pois estamos falando de um lapso de 46 anos entre a experiência de Berlet e o avistamento do Tic Tic em 2004. Em 46 anos, esse veículo Acarteano já teria sofrido atualizações tecnológicas altamente significativas!

De outro lado, Antonio Rossi teve contato com uma civilização bem mais avançada do que a dos Acarteanos, bem como de características físico biológicas completamente distintas. Dentre os diversos detalhes revelados sobre a saúde humana pelo “anfitrião” de Antonio Rossi em sua experiência, o qual se identificava como Medico, o que mais nos chama a atenção e que nos choca, é a alegação de que o Câncer seja causado por “bacilos fluídicos ou bacilos em estado fluídico miasmático”, os quais são milhares de vezes menores que os micro organismos catalogados pela humanidade. Isso pelo menos até a década de 1950. Nesse ano de 2021, pesquisadores da Universidade de Queensland na Australia, criaram um microscópio quântico que pode revelar estruturas biológicas que de outra forma seriam impossíveis. O que mais uma célula cancerígena teria a nos mostrar nesse microscópio? Será que nos surpreenderemos?

(**)Em 19 de agosto de 2021 foi comemorado o centenário de nascimento de Gene Rodenberry.

Livro de Antonio Rossi
Baixe aqui o
Livro de Antonio Rossi
Artur Berlet
Baixe aqui o 
Livro de Artur Berlet




   

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pra que serve um Sonhador

Crônica crônica

O que temos a dizer ao Mundo?