Considerações sobre o filme Avatar

Uma vez
alguém me disse que o Universo é tão imenso e tão incomensurável, que comporta
em si todas as possibilidades que a imaginação humana é capaz de conceber. Em
seu filme Avatar, o Diretor James Cameron nos faz imergir numa dessas inúmeras
possibilidades do Universo de forma magistral, tornando-a uma realidade tangível.
Ele nos entrega com realismo irretocável a convivência com o fantástico povo
Na`vi. A linha narrativa simples, conduzida
a partir do olhar de um fuzileiro paraplégico, cujo único sonho era ter suas
pernas de volta e voar livre, a princípio me deixou perplexo. A expectativa em
torno do filme era grande e um roteiro aparentemente tão óbvio foi motivo de
decepção para críticos e espectadores em geral. Mas, olhando mais de perto e
com a devida tolerância e despojamento, percebi que é na simplicidade e na vida
sem grandes perspectivas de um Jake Sully, que os melhores valores humanos se
manifestam.
Na verdade é nesse ponto que
divirjo de especialistas. Eu creio que os desavisados devem ter a sensibilidade
de perceber onde se encontra o verdadeiro foco do filme e que vai muito além do
roteiro. Por essa razão resolvi escrever estas linhas, uma vez que me vi
profundamente tocado para tal.
Ainda
que o próprio James Cameron não tenha a total consciência do que fez, ele o fez
com a maestria e a competência que só o tempo e a experiência podem
proporcionar. Vamos então começar pela concepção planetária e a integração do
povo Na`vi com o seu mundo. Na década de
70 o investigador inglês James E. Lovelock formulou a teoria conhecida como
teoria de Gaia. Em curtas palavras, a teoria de Gaia preconiza que o planeta
Terra é um ser Vivo e como tal produz comportamentos e reações às agressões que
sofre ao longo do tempo por agentes externos e alheios a sua constituição,
tendendo a auto regulação. Na verdade Gaia é a alma planetária a qual tudo o
que é vivo no planeta está ligado. O que
vemos em Pandora é um povo completamente integrado a essa alma Planetária de
uma forma física e espiritual, tanto em sua relação com a terra como com todas
as criaturas vivas. Evidente que a
argumentação científica da Dra. Grace (Sigourne Weaver) leva a questão para o
território da racionalidade, alegando que toda a população de plantas do
planeta constitui uma espécie de rede neural através da qual todos os Na`vi
estabelecem contato, mas com certeza sabemos que também há aqui a verdade
espiritual. Enfim temos até este ponto elementos suficientes para nos
confrontar e nos questionar como seres humanos e habitantes da Terra. De que
forma temos nos integrado ao nosso planeta? De que forma temos tratado o nosso
Mundo? A simplicidade e a força do povo Na`vi demonstra os resultados
fantásticos de estarmos em plena harmonia com o planeta e com o próximo. Eles nos dão a profunda noção de respeito à
vida e de unidade da comunidade.
Infelizmente ou felizmente o filme mostra que não há nada de
interessante e digno em ser um humano da Terra nesse contexto, pois somos uma
raça e um povo que vive num planeta onde reina a dualidade do bem e do mal e
que por essa razão vivemos um eterno conflito. Ora somos capazes de produzir as
maiores maravilhas, ora de cometermos as maiores barbaridades.
James
Cameron nos leva a todas essas reflexões, apontando para o que estamos fazendo
com nossas Vidas e com o nosso mundo. O filme é um manifesto pela vida e por
uma vida livre e verdadeira, como pode experimentar nosso modesto protagonista
Jake Sully.
Avartar nos traz uma visão de extremo
realismo de um povo distante, das profundezas da Criação de Deus e da nossa
imaginação, nos ensinando como seria perfeito um mundo onde todos fossem
ligados em harmonia, em sentimentos, palavras e ações.
Congratulações ao James Cameron por ter tido
essa visão e a capacidade de traduzi-la para a tela, para o nosso deleite. Que
me perdoem os críticos de plantão, mas a tecnologia digital aplicada a essa
produção não é a protagonista da estória como alguns querem fazer crer, mas a
passagem de ida para o mundo de Pandora.
Por Mauricio Azevedo
Niterói, um dia qualquer do ano de 2010
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