O Bem e o Mal

    Não vou aqui teorizar ou mesmo tentar construir um pensamento filosófico sobre o Bem e o Mal, como inúmeros já escritos. Existem pessoas de extrema competência e autoridade intelectual capazes fazê-lo com maestria e eloquência. Quero simplesmente compartilhar um pouco da minha angustia nesse cenário dual no qual estamos todos mergulhados. Seja nessa ou talvez também em outras existências. 
Tirinhas educativas do Custódio
   Este é um modesto esboço de uma experiencia recorrente em meu íntimo e que talvez faça eco em muitos íntimos ou em muitos corações. E falando em corações, onde estará o seu coração? Acho que é sobre isso e algo mais. 
   Quando transito por um determinado itinerário, percebo que minha alma se liberta por instantes e voa tão alto que lá de cima é possível vislumbrar um belo oásis dentro de mim. E percebo o quão maravilhoso é poder habitá-lo, mesmo que por poucos minutos. É como se em meio ao áspero deserto por onde minha alma transita e onde habitam e se alternam com frequência anjos e demônios, pudessem brotar as mais belas flores. E quem nunca foi ou é atormentado pelo mal em sua caminhada pela Vida? Ou nunca se achou o pior dos seres desse mundo por conta disso? 
  Esse itinerário ao qual me refiro é o que ladeia a Serra da Mantiqueira.  Majestosa e delicada. Imponente e acolhedora. Onde os Rios cantam suas canções, escorrendo pelos paredões e pelos vales. Enchendo de vida as extensas várzeas. Ali eu encontro o meu oásis. Por onde a cordilheira deixa passar os raios do Sol. Pelos mantos de nuvens que escorrem de suas imensas muralhas verdes. Ali eu encontro um Eu perdido, oculto. Um Eu a quem eu possa abraçar. E minha alma exulta com esse sentimento. Uma esperança se apossa de mim, e uma alegria gigante explode em lágrimas. E as lágrimas irrigam as flores do oásis...E o oásis brilha qual Sol ao meio dia! Mas assim como o Sol se põem e nos entrega à escuridão, a visão desse oásis desvanece como areia e volto ao meu deserto de todos os dias.
 
 Acredito que a luta valha a pena, pois o oásis é o premio. Uma ilha onde floresce o Bom, o Bem e o Belo!
  Nesse mundo, pelo menos no mundo que conhecemos, somos permeados e desafiados incessantemente pelo Bem e pelo Mal. Ainda que algumas correntes filosóficas argumentem em contrário, sabemos na prática que, por causa e efeito e por consequências nítidas, que as ações boas e más, assim como pensamentos bons ou maus, produzem resultados correlatos e que certamente caracterizam ambas as naturezas ou tendencias. Que sentimos em nossas relações com o semelhante e conosco mesmo. Assim também, sob as mesmas tendencias, povos e nações seguem em conflitos e desafios sobre o planeta. 
   Podemos conceber, ainda que somente em nossa imaginação, um mundo que não esteja sentenciado a essa dualidade nefasta. Ainda que o Bem prescinda do Mau para existir ou para se afirmar. Tal como precisamos do chão para firmarmos os pés e caminhar. Nos restaria então apenas ter a consciência do Mal, mas que o tenhamos prisioneiro em rochas sólidas, sobre as quais possamos trilhar nosso caminho. Saberíamos que o mal existe, mas também que ele não existiria em nós. É claro que nessa visão metafórica há uma linha tênue sobre a qual todos teríamos que transitar em perfeito equilíbrio. Esse é o desafio da Vida em nosso planeta. 
    Eu torço para que chegue o dia em que todos possam encontrar seus próprios oásis de paz e bondade dentro se si e que possam neles habitar, e lá repousarem o Coração. 
   Onde está pois o seu oásis? 
    Parece utopia, eu sei que parece otimista e até crédulo, mas é esperança...é o refugio da esperança.

Por Mauricio Azevedo

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