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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Tempestade

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      Acho que a mais interessante coleção de memórias que ainda mantemos em nossos cérebros abarrotados de informações, vêm da infância. Ontem mesmo, dia 15/02/2015, uma tempestade daquelas que não víamos há muito tempo aqui no Rio de Janeiro, se formou. Uma bela, luminosa e rebimboante reação da natureza a tanto aquecimento! Sempre fui fascinado por essas manifestações de fúria dos elementos. Certamente é algo ancestral que nos prostra perplexos, assustados e maravilhados diante de tal grandiosidade.  A tempestade me fascina desde do seu ponto crucial até a sua dispersão, quando entre reluzentes e estroboscópicos relâmpagos ainda escutamos os sons dos trovões distantes. Minha imaginação viaja para essas distâncias e uma sensação de onipresença me inunda, como se pudesse me transportar à todos esses lugares!      Lembro da primeira vez que experimentei essa sensação na minha infância, pelo menos quando tomei consciência do que era uma tempestade. M...

O Resgate de 1966

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    A quele ano foi trágico para o Rio de Janeiro. Uma chuva intensa castigou toda a cidade por cinco dias ininterruptos. Dois edifícios e uma casa ficaram soterrados na Zona Sul. Canais e rios transbordaram inundando tudo a volta. A enxurrada deixou um saldo de 200 mortes e 50.000 desabrigados.    Foram 245 mm de chuva. Mais do que poderia chover em 3 meses. Naquele ano, eu tinha 7 anos e cursava o primeiro ano primário na Escola  Municipal Afonso Pena na Rua Barão de Mesquita na Tijuca, hoje tombada pelo patrimônio histórico. Escola Municipal Afonso Pena  Para uma criança, aquele foi um dia assustador. Nunca tinha visto cair tanta água do céu! A Rua Barão de Mesquita se transformou num rio caudaloso que ia desaguando no rio Maracanã, próximo dali. A aula acabou , o sinal de saída soou, mas estávamos ilhados! Aos poucos a maioria das crianças foi sendo resgatada por seus pais até sobrar apenas eu. Fiquei sozinho a porta da escola, abrigado ...